O diário de Marina

Sei que parece meio tarde para expressar as primeiras impressões, mas acreditem, vocês vão me perdoar! Até eu, que sempre achei que era possível acontecer muitas coisas por dia, achei que aconteceram coisas de mais.

Passado o pânico do voo, do aeroporto, percebi que estava exatamente onde deveria estar. É bastante aceitável o medo que me tomava quando em cada virada de cabeça eu encontrava algo escrito e que eu não entendia. Era isso que eu esperava, era isso que eu precisava. Tudo novo, tudo novo de novo! Me lancei! Cinco dias maravilhosos, comprar sozinha sem saber alemão, cozinhar, colocar o papo em dia, ficar sozinha, não ter telefone, não ter horário. Era como aquele pause que o computador faz antes de reiniciar o windows!

E agora, renovada e com minha Nikon, partia para conhecer minha família alemã. Meu coração tava a mil, eu não podia fazer o que sempre fiz, conversar compulsivamente, alias poder eu podia, só não me compreenderiam! O que só aumentava meu desespero, mas fui! Partimos, a bordo da adorável “Fada verde”, eu ensaiava a minha conversa composta de 4 frases e Júlia apenas ria.

Enfim chegamos na simpática cidade Wuppertal, a essa hora eu segurava meu coração com os dentes e quando escutei Júlia dizer: “Chegamos!” a única coisa que me vinha a cabeça era dizer: “Me manda pro Brasil!”. Mas como sempre preferi, apenas sorri.

Fui recebida na porta por Anna e por Giancarlo, ganhei o abraço mais reconfortante de todos e nem me lembrava mais que não sabia alemão! Estava me sentindo quase uma nativa, parte da família. A tarde transcorreu de forma maravilhosa, as vezes tinha a sensação que tudo se encaixava de forma estranhamente perfeita. Comi a melhor pizza da Europa, alias, do mundo! Conheci por dentro um “Vunvag” (Com certeza não é assim que escreve! kkkk) e tive a certeza que será minha casa em um futuro não muito distante! Conheci a cidade e fiz MUITAS fotos! Entendi, no sábado de manha, que meu coracao iria bater desesparamente para sempre, e foi ao som de um “tumtum” frenético que parti para minha primeira viagem, eu e dois alemães que não falam português! (Obrigada Dinha por ter me obrigado a continuar no inglês! ) Parece meio clichê, mas descobri que mae é tudo igual! rs! Me sentia segura, mesmo sem saber dizer nada. A gente se entendeu, talvez tiveram momentos em que eles perguntaram uma coisa e eu disse outra e vice-versa, nunca saberemos!

Os moinhos de vento holandeses me levaram direto ao Dom Quixote e a sensação que tinha era de estar vivendo um sonho! Infelizmente foi uma viagem rápida. A “Fada Verde” virou estrela no céu e tivemos que voltar as pressas! Tive tempo de concluir que a praia é bem diferente, que coisas como tomar café na praia e usar guarda-vento ao invés do guarda-sol é algo normal! Sem vendedores ambulantes e sem carros de som! As pessoas pareciam se divertir, e eu apenas ria!

Voltamos para “nossa” casa, reencontramos Júlia, vivemos mais um momento família regrado a muitas panquecas, e se antes eu me achava da família agora eu tinha era certeza! As horas voaram e logo o domingo já raiava e chegava a hora de partir, em um café da manhã maravilhoso as lágrimas cairam, em um choro de família! De volta ao aeroporto de Frankfurt acabei minhas férias e comecei minha nova rotina. Férias deliciosas, ganhei uma bicicleta, muitas geleias, um lanche, um lar para passar natal e a certeza que não estou só!

Obrigada família linda! Já amo muito vocês!